domingo, 13 de dezembro de 2015

A primeira vez que eu ouvi Talking Heads.


Ouvindo: Uh-Oh, Love Comes To Town - Talking Heads

A primeira vez que ouvi Talking Heads foi inesquecível porque eu simplesmente odiei. Eu sei que agora é engraçado falar assim, já que hoje, HOJE, eu adoro Talking Heads. Para aprendermos que em um estilo musical tão camaleônico e mutante quanto o rock'n'roll, dizer que "odiamos" uma tal banda é um argumento sem nenhuma validade. Tendo como desculpa de que eu ainda estava começando a desbravar o oceano sem fim do rock (e também, eu só tinha 13 anos...) e hoje em dia tenho todo o direito de dar risada do fato.
Sim, odiei um dia ouvir Talking Heads e que bom que mudei de ideia!
Foi mais ou menos assim: quando eu tinha lá pelos meus 13 anos de idade fiquei totalmente maluca por música (tipo aquele carinha da música "My Little Brother" do Art Brut) e como sair por aí comprando um monte de CDs estava fora de cogitação (pré-adolescente/adolescente só descolava grana no aniversário ou Natal, isso se o presente não fosse aquela roupa maravilhosa...né?) fui caçar discos em casa mesmo. Discos ainda não, CDs (porque naquela época eu ainda achava disco, LP, vinilzão, a coisa mais "brega"...enfim...que tempos...!). Pois bem, fui ali dar uma passeada pela coleção de CDs do meu pai e eis que entre eles encontro o More Songs About Buildings And Food. 
Eu tinha meio que herdado um antigo 3 em 1, só que sem o tocador de vinil, sendo que no lugar tinha um tocador de CDs (o primeiro deles!) que meu pai comprou logo no lançamento. Ele ocupava um bom espaço no quarto, e tinha que ser ligado em mais um aparelho e duas caixas prateadas, e tinha até lugar para ouvir uma fita cassete (né, às vezes...). 
E eu coloquei o More Songs About Buildings And Food para tocar depois de muita insistência do meu pai que "aquele CD era bom e blá blá blá" (na verdade nem sei porque ele me indicou o CD, me lembro que eu era incumbida de limpar todos o CDs que ficavam em um Porta-CDs gigante na sala, e sei lá, um dia ele olhou o CD abandonado ali por eras e disse ESCUTA QUE É BOM!)
Tá, eu escutei sim.
E lembro de mudar a faixa logo com uns 30 segundos e odiar aquilo com todas as minhas forças e pensar: meu pai só pode estar de brincadeira. (a voz do David Byrne....QUE VOZ ERA AQUELA?)
Todo esse papo longo é só pra dizer que, bem, isso ainda aconteceu várias vezes na minha vida, e com outras bandas de diferentes épocas, e aqui fica aquela lição bonita para guardar no fundo de nossos corações: não importa o tão chato parece uma tal banda ou disco, a gente precisa dar aquela chance para ele, se não agora talvez daqui a pouco ou daqui alguns anos. Muitas coisas eu precisei ouvir, amadurecer meu gosto musical e descobrir outras nuances e ritmos antes nunca imaginados, até que eu estivesse totalmente pronta para curtir de verdade.
Tá, todo esse papo longo DEMAIS é apenas para apresentar uma parte da minha coleção de discos. O primeiro disco que eu comprei foi um do Talking Heads, uma edição toda surrada e velhinha que eu achei no sebo do Remain In Light. E sabe, eu nem ligo da capa estar toda surrada, acho que sendo um disco usado, se ele estiver todo surrado e amassado é a prova viva de que algum dia foi amado e escutado, e isto dá toda a dignidade esperada em um disco de vinil.
Sabe, como cicatrizes de guerra, haha. 


Minha coleção está longe de estar completa, mas morro de amores por ela! Ela é composta por:

Remain In Light
True Stories
More Songs About Buildings And Food
Stop Making Sense
77

Só orgulho com essa coleção, e claro, tem melhor jeito de começar a colecionar discos do que comprando um do Talking Heads? Se tem outro, então não conheço...!
Aqui fica meu relato apaixonado por uma das bandas que um dia não dei a mínima! (Quem diria? Haha.)

"David Byrne diz: Te peguei!"

domingo, 6 de dezembro de 2015

Guia rápido para um iniciante ao vinil (por uma pessoa que não entende muito de vinil).


Ouvindo: The Smiths - You've Got Everything Now

Certo, você é um grande fã de música. Você, definitivamente, gosta muito de música, e mais do que consegue explicar. E então, você decidiu alçar voos maiores, não se restringindo ao iPod ultra portátil e a sua coleção quase obsoleta de CDs. Porque vivemos em um mundo onde a oferta (não apenas de música) de tudo é exacerbada, e bem mais do que podemos consumir. Você até tem suas devidas contas nos serviços de streaming, mas eu sei bem o que você quer...
Você quer discos de vinil, acertei?
Eu sei. Por pura curiosidade ou por ser um ferrenho defensor da forma analógica de se ouvir música, qual seja sua desculpa, vou tentar neste post dar algumas dicas do pouco que aprendi na minha "corrida do vinil". Já vou avisando, não sou nenhuma profunda conhecedora do assunto, então você não espere eu falar sobre "diferenças de agulhas", "frequências de discos de vinil" e coisas do tipo. Sou apenas mais uma fã de música em formato vinil, e o que sei se restringe a leituras breves em sites e outros blogs afins. Se caso você quiser se aprofundar mais no assunto, existem vários blogs bem mais especializados, vídeos interessantes no Youtube e fóruns com discussões sem fim sobre os discos e seus tocadores. Sinceramente, se a vitrola que tenho em casa quebrar, acho que eu apenas sento no chão e choro. 
Mas aqui eu vou dar algumas dicas marotas sobre como começar sem neura. Vamos lá?

1. Legal, quero começar a ouvir vinil! 



Bem, primeiro, onde começar sua coleção? Eu comecei assim: fuçando a coleção da família. Atire a primeira pedra quem aí não tem um parente com aquela coleção abandonada e mofada, largada por anos naquele quartinho de tranqueira nos fundos da casa? Bem, isso não é genérico, obviamente, há muitas pessoas que, mesmo não escutando mais seus discos que juntaram por anos a fio, guardam sua coleção com muito zelo. Quanto fiquei doida por discos de vinil, minha primeira fonte a beber foi esta. Então eu aconselho você conversar aí com a família e pedir para dar uma "revivada" na coleção deles. Muitos discos que estão na minha coleção eram dos meus pais ou tios. Sei que você vai se deparar, muito provavelmente, com os discos em um estado deplorável: muita sujeira e alguns bichinhos colados nas capas, capas desmanchando e aquele plastiquinho interno de proteção virando literalmente pó na sua mão. Calma, tudo tem jeito!
O interessante é retirar todos os discos das capas. As capas você pode limpar com um pano levemente úmido, tirando a sujeira de cima. O plástico interno, se estiver imprestável, não tenha dó e jogue fora. Passar um pano macio, que não solte fiapos por cima dos discos de vinil é o suficiente. Casos em que encontrar sujeita incrustada na superfície do disco pede "um banho". Sério. Lave seus discos como se lavaria um prato (com mais cuidado, na verdade). Só usar detergente neutro (este de lavar louça!) e uma esponjinha, mas do lado macio. Coloque o disco embaixo da torneira, deixando lavar um pouco e só tomando cuidado mais com o selo do meio, que é de papel, e vá retirando a sujeira mais grossa com a ajuda do detergente e esponjinha. Você pode secar depois com um paninho macio e que não solte fiapos, mas o mais indicado é deixar secar naturalmente. Eu coloquei discos no escorredor de pratos mesmo (mas minha mãe não achou tão interessante assim, rs.)
Existem no mercado sprays com líquidos especiais para limpeza de discos de vinil, e até uma escovinha especial para limpar, mas olha, eu não acho que você precise se importar tanto assim agora no começo (haha) sendo que dá pra limpar normalmente com coisas que temos bem fácil em casa. Mas você também pode ir atrás e procurar saber mais. Ah, videos de como limpar discos de vinil tem aos montes no Youtube, caso quiserem ver melhor o passo a passo.

2. Quero mais vinis! Agora, agora! 



Agora que você está devidamente munido com a coleção que era da família você quer expandir mais e mais a coleção, tô sabendo. E já vou avisar: comprar mais vinis para a coleção é um vício e tanto, e não quero ver ninguém aqui reclamando depois que eu não avisei!

SEBOS:

Os lugares que mais gosto de ir quando o assunto é comprar vinis são os sebos. Com certeza sua cidade deve ter um sebo de livros e discos, e quando o assunto é sebo logo vou avisando para levar muita paciência também. Muitos sebos já organizam os discos por gênero, mas já fui em uns que era uma bagunça só! Então, mesmo com sebos organizadinhos, é bom ter um tempo disponível e bastante disposição para garimpar seus discos favoritos. Eu tenho em mente que a maioria das pessoas que entregam suas coleções para vender em sebo nem tem ideia das coisas que se dispõe a vender: encontrei muita coisa boa em sebos, e minha coleção aumentou bastante depois que passei a frequentá-los. É claro, que por serem discos usados valem aquelas dicas bacanas: 
* Não tenha vergonha de tirar o disco da capa, olhar seu estado, se tem riscos ou defeitos muito aparentes ou se ele está "empenado". Ver o estado da capa também é importante, porque geralmente só depois em casa, com calma, que vemos que a capa está com um buraco ou rasgado, ou ainda todo rabiscado, e os donos de sebos muitas vezes não avisam quando passamos no caixa. Esses defeitos sempre incidem no preço do disco e até se você levar muitos para casa, vale dar uma conversada com o dono do sebo para pedir um desconto bacana (pelo menos no meu caso, eles são doidos para se 'livrarem' dos discos kkkk).

LOJAS DE DISCOS:

Hoje em dia, a não ser que você more em uma cidade grande, vai ser raro se deparar com lojas de discos. Mas, acredite ou não, eles existem sim, algumas até bem antigas! Mas aqui o negócio é outro (pelo menos nas minhas experiências). Discos raros, discos com edições limitadas e boxes com edições de aniversário e especiais. Então, você já sabe, discos novos mas bem caros também. O mais bacana de ir a uma loja de discos realmente é o ambiente super inspirador, e vendedores tão malucos por discos quanto você. Recomendo ir a uma loja pelo menos para conhecer, ver as novidades, respirar o ar único de lá. Mas se estiver pensando em preços em conta, desculpe, mas só no sebo mesmo.

INTERNET:

Na internet se compra de tudo, meu bem, e discos também. A maioria das lojas mais famosas da internet possuem uma seção para discos de vinil, seguindo este revival. Lojas como Submarino, Livraria Cultura e Livraria Saraiva tem suas páginas dedicadas ao vinil. Aqui, temos discos novos, de artistas contemporâneos e reedições bacanas de clássicos nacionais. E claro, aquele "precinho bacana" (que vai depender também muito do dólar, já que todos são importados, com exceção dos nacionais). É muito interessante se você quiser bandas do nosso tempo tocando no seu toca discos também! 
Há muitas lojas que só trabalham com vinil também, e a maioria delas também trabalha com encomendas, caso você não encontre algum disco que queira em seu catálogo.
O Mercado Livre também tem bastante coisa, e é bacana ir pesquisando e garimpando. Eu já comprei por lá, e as regras valem para qualquer compra no Mercado Livre, ver a reputação, o frete e o estado do disco. É bom claro sempre se precaver, pois na maioria das vezes você vai adquirir um disco usado (sabendo disto) e que você não está vendo, por isto ler as recomendações antes e pesquisar é importante.

FEIRINHA DE DISCOS:

Ir a uma feirinha de discos é uma experiência única e muito bacana. Dá pra perder um dia inteiro em uma feirinha, e elas existem pelo Brasil afora, e são bastante divulgadas nas redes sociais. É um local bacana para garimpar, e tem de tudo: discos novos, usados, raridades vendidas por 1.500,00 R$ e promoções bacanas por 10 reais. Sem contar que a galera sempre animada e muito atenciosa para tirar todas as suas dúvidas sobre discos (são tão malucos e apaixonados por discos quanto você) além de que você pode até levar discos para troca caso desejar. Eu mesmo se vou em uma perco a linha: quase saí de uma com um carrinho de discos, hahaha.

3. Conservação:

Discos duram quase uma eternidade, são bem resistentes (até onde eles conseguem ser) mas é bom sempre ser carinhoso com eles. Procurem um lugar limpo e arejado para guardá-los. Uma capa (podem ser compradas por atacado na Internet ou em lojas especializadas) de plástico bacana por fora ajuda a conservar a arte do disco, e plásticos próprios para os discos ajudam a proteger o vinil. Evite deixar seus discos um em cima do outro (como em uma pilha), -pelamordedeus- NUNCA FAÇA ISSO! O peso dos discos vai empená-los e depois para voltar ao normal, creio que é bem difícil se não impossível (já ouvi falar que colocando livros pesados sobre o disco, ou placas de vidro e deixá-lo um dia inteiro sobre o sol forte são modos de "desempenar" um disco, mas são todas técnicas não garantidas!!). O certo é deixar tudo em fileiras. Ter um lugar bacana para guardá-los é bacana, existem vários tipos de caixas para organização de discos, mas você pode comprar uma caixa de feira (daquelas de plástico) ou até fazer a sua própria. Tenha em mente apenas o tamanho do disco, para não comprar uma caixa que depois não vai conseguir usar.
Ah, e claro, nunca deixe seus discos em lugares úmidos ou onde incida luz solar. Discos são sensíveis ao calor muito forte!
Para limpar, lembre-se das dicas de limpeza que já dei.


Ah-há. Agora sim. Tá todo orgulhoso da sua coleção de vinil, né? Hehe, sabia...E eu avisei, que é um vício difícil de largar. Bem vindo ao maravilhoso mundo do vinil. <3

4. Escute e desfrute!

sábado, 5 de dezembro de 2015

Primeiro: uma apresentação...


Ouvindo: The Smiths - It Is Really So Strange

Olá, seja mais que bem vindo a mais um blog sobre discos, vinil e bolachão. Na verdade esta ideia me ocorreu ontem mesmo, antes de dormir, e é devido a minha loucura sem medidas pelo som analógico e difícil de carregar para os lados (como todos gostam de me lembrar por vez ou outra). E aproveitando a fase boa do negócio (porque vocês já sabem, se depender do Noel Gallagher, o revival do vinil não passa de 2020, hehehe). 
Disco é antigo? Ultrapassado? Risca, suja e não dá pra levar pra viagens? 
Eu tô muito nova pra essas coisas? (hahaha, dane-se)
Nem vem, aqui só entra quem ama muito um bom e velho disco de vinil.
Meu nome é Laís e decidi fazer este blog para registrar meu dia a dia do amor pela música e pelo som chiado do disco de vinil. Música me acompanha como um bom e velho amigo desde meus 13 anos, e uns anos atrás decidi cair de cabeça no mundo dos discos também; antes, achando tudo muito bonito (sempre achei chiquérrimo aquela capa enorme, com encartes gigantes), depois torrando a paciência dos meus pais e avós, para que eles me "emprestassem momentaneamente" a coleção de discos deles para que desse só uma escutadinha...
Olha, e vou te contar, que complicado gostar de disco de vinil às vezes! HAHAHA
Nunca vou me esquecer da primeira vez em que ouvi um disco tocando de verdade na minha frente, com o turntable do meu avô (que agora fica em casa) devidamente ligado em caixas gigantes de som: o disco escolhido foi uma coletânea do The Police e SEM EXAGERAR: PARECIA QUE ELES ESTAVAM TOCANDO NA SALA!!!!
(momento para respirar fundo)
Resume muita coisa não?
Falar sobre meu amor pela música e blá blá blá fica pra depois em outro post e outra oportunidade, é mais um abre-alas pra muitos posts (eu espero) sobre essa sofrência (kkkk) que é gostar e ir atrás do que você mais ama na vida, e apesar de todos te apontarem como maluco e ultrapassado (acontece na maioria das vezes) você sabe que tudo vale a pena quando a agulha encosta no disco.
Ah!
E claro que eu não ia cair de cabeça aqui sem trazer alguém junto hehehe, então chamei a Stela (Franz Ferdinand Fã) para me ajudar nos posts e surtar junto comigo.

Então, vamos lá! 
Desliga essa porcaria de TV e vem escutar um disquinho com a gente!