Ouvindo: Uh-Oh, Love Comes To Town - Talking Heads
A primeira vez que ouvi Talking Heads foi inesquecível porque eu simplesmente odiei. Eu sei que agora é engraçado falar assim, já que hoje, HOJE, eu adoro Talking Heads. Para aprendermos que em um estilo musical tão camaleônico e mutante quanto o rock'n'roll, dizer que "odiamos" uma tal banda é um argumento sem nenhuma validade. Tendo como desculpa de que eu ainda estava começando a desbravar o oceano sem fim do rock (e também, eu só tinha 13 anos...) e hoje em dia tenho todo o direito de dar risada do fato.
Sim, odiei um dia ouvir Talking Heads e que bom que mudei de ideia!
Foi mais ou menos assim: quando eu tinha lá pelos meus 13 anos de idade fiquei totalmente maluca por música (tipo aquele carinha da música "My Little Brother" do Art Brut) e como sair por aí comprando um monte de CDs estava fora de cogitação (pré-adolescente/adolescente só descolava grana no aniversário ou Natal, isso se o presente não fosse aquela roupa maravilhosa...né?) fui caçar discos em casa mesmo. Discos ainda não, CDs (porque naquela época eu ainda achava disco, LP, vinilzão, a coisa mais "brega"...enfim...que tempos...!). Pois bem, fui ali dar uma passeada pela coleção de CDs do meu pai e eis que entre eles encontro o More Songs About Buildings And Food.
Eu tinha meio que herdado um antigo 3 em 1, só que sem o tocador de vinil, sendo que no lugar tinha um tocador de CDs (o primeiro deles!) que meu pai comprou logo no lançamento. Ele ocupava um bom espaço no quarto, e tinha que ser ligado em mais um aparelho e duas caixas prateadas, e tinha até lugar para ouvir uma fita cassete (né, às vezes...).
E eu coloquei o More Songs About Buildings And Food para tocar depois de muita insistência do meu pai que "aquele CD era bom e blá blá blá" (na verdade nem sei porque ele me indicou o CD, me lembro que eu era incumbida de limpar todos o CDs que ficavam em um Porta-CDs gigante na sala, e sei lá, um dia ele olhou o CD abandonado ali por eras e disse ESCUTA QUE É BOM!)
Tá, eu escutei sim.
E lembro de mudar a faixa logo com uns 30 segundos e odiar aquilo com todas as minhas forças e pensar: meu pai só pode estar de brincadeira. (a voz do David Byrne....QUE VOZ ERA AQUELA?)
Todo esse papo longo é só pra dizer que, bem, isso ainda aconteceu várias vezes na minha vida, e com outras bandas de diferentes épocas, e aqui fica aquela lição bonita para guardar no fundo de nossos corações: não importa o tão chato parece uma tal banda ou disco, a gente precisa dar aquela chance para ele, se não agora talvez daqui a pouco ou daqui alguns anos. Muitas coisas eu precisei ouvir, amadurecer meu gosto musical e descobrir outras nuances e ritmos antes nunca imaginados, até que eu estivesse totalmente pronta para curtir de verdade.
Tá, todo esse papo longo DEMAIS é apenas para apresentar uma parte da minha coleção de discos. O primeiro disco que eu comprei foi um do Talking Heads, uma edição toda surrada e velhinha que eu achei no sebo do Remain In Light. E sabe, eu nem ligo da capa estar toda surrada, acho que sendo um disco usado, se ele estiver todo surrado e amassado é a prova viva de que algum dia foi amado e escutado, e isto dá toda a dignidade esperada em um disco de vinil.
Sabe, como cicatrizes de guerra, haha.
Minha coleção está longe de estar completa, mas morro de amores por ela! Ela é composta por:
Remain In Light
True Stories
More Songs About Buildings And Food
Stop Making Sense
77
Só orgulho com essa coleção, e claro, tem melhor jeito de começar a colecionar discos do que comprando um do Talking Heads? Se tem outro, então não conheço...!
Aqui fica meu relato apaixonado por uma das bandas que um dia não dei a mínima! (Quem diria? Haha.)
"David Byrne diz: Te peguei!"
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